Resumen
Em 1832 os proprietários das fábricas estabelecidas por alvará da Real Junta do Comércio enfrentaram uma forte oposição das seculares corporações dos ofícios mecânicos. Tal como outros ofícios embandeirados, a corporação de Carpinteiro de Móveis e Semblagem apresentou um requerimento contra os proprietários das fábricas de móveis, solicitando a supressão de todos os alvarás concedidos pela Junta tanto a nacionais como estrangeiros que trabalhavam em obras de “nova invenção ou de conhecida utilidade do reino”.
Neste contexto, propõe-se a análise do conflito e, acima de tudo, a recuperação dos seus intervenientes, isto é, dos vários marceneiros, na sua grande maioria estrangeiros, que estabeleceram fábricas de móveis em Lisboa nas décadas de 1820 e 1830, e do seu papel na actualização do gosto e na introdução de novos modelos de mobiliário e de novas técnicas.
Citas
BASTOS, Celina, “A família Dejante: a marcenaria e a indústria dos mármores no Portugal de Oitocentos”, Revista de Artes Decorativas, Ano 3, Nº 3, Porto, Universidade Católica Portuguesa/ CITAR, 2009.
BORGES DE SOUSA, Conceição, “Mobiliário do Palácio de Belém”, in Pintura e Mobiliário do Palácio de Belém, Lisboa, Museu da Presidência da República, 2005.
CÔRTE-REAL, Manuel H., O Palácio das Necessidades, Lisboa, Chaves Ferreira – Publicações, S.A., 2001.
HALPERN PEREIRA, Miriam, “O Estado vintista e os conflitos no meio industrial”, separata das Comunicações ao Colóquio organizado pelo Centro de Estudos de História Contemporânea Portuguesa sobre O Liberalismo na Península Ibérica na primeira metade do século XIX, 1981.
HALPERN PEREIRA, Miriam, Artesãos, operários e o liberalismo, separata de Ler História, n.º 14, 1988.
HALPERN PEREIRA, Miriam, Negociantes, fabricantes e artesãos entre velhas e novas instituições: estudos e documentos, Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1992.
MADUREIRA, Nuno Luís, Mercados e Privilégios: a indústria portuguesa entre 1750 e 1834, Lisboa, Estampa, 1997.
MARQUES DE ARAÚJO, Agostinho Rui, “Artes várias, duros tempos. Notas para o estudo de uma família italo-portuguesa (ca. 1788-1838)”, Revista da Faculdade de Letras. Ciências e Técnicas do Património, Porto, 2001, I Série, vol. 1.
QUEIROZ, Francisco, “Pedro Bartolomeu Déjante e o seu papel na indústria da pedra em Portugal”, A Pedra, n.º 87, ano XXII, Outubro 2003.
QUEIROZ, José Francisco Ferreira, Os Cemitérios do Porto e a Arte Funerária Oitocentista em Portugal. Consolidação da vivência romântica na perpetuação da memória, dissertação de doutoramento apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2002 [texto policopiado].
SANTANA, Francisco, Aspectos de inovação na indústria portuguesa durante a segunda metade do século XVIII e o primeiro terço do século XIX, Lisboa, Academia da História, 1984.
SANTANA, Francisco, Documentos do Cartório da Junta do Comércio respeitantes a Lisboa. I (1755-1804), Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1976.
SANTANA, Francisco, Documentos do Cartório da Junta do Comércio respeitantes a Lisboa, vol. II (1804-1833), Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1978).
SARAIVA, José A., O Palácio de Belém: com seus hóspedes, os seus segredos e a vida quotidiana, s.l., Inquérito, 1985.
TEIXEIRA, José, Fernando II. Rei-Artista. Artista-Rei, Lisboa, Fundação da Casa de Bragança, 1986.